Alergias

 Diferentes manifestações de alergia

A alergia pode manifestar-se de diversas maneiras. A asma (hipera­tividade brônquica) e a dermatite de contato são exemplos típicos. Esta última caracteriza-se por averme­lhamento da pele nos locais de contato com alér­ge­nos, que podem ser tecidos, peles, cou­ros, tintas, flores, certas plantas, cosméticos e produtos químicos.

A asma produz os incômodos respiratórios característicos, que vão do famigerado “chiado” (sibilância) no peito à “falta de ar”.

São tantos os sintomas provocados por reação alérgica que o diagnóstico é, quase sempre, um desafio. Doenças diferentes podem produzir sintomas parecidos a ponto de gerar confusão. Outrossim, os agentes químicos, físicos e biológicos capazes de desencadear rea­ções alérgicas contam-se aos milhares. A seguinte lista de sintomas pode ser atribuída à alergia (o doente poderá apresentar apenas alguns deles): enxaqueca, dor de cabeça, tontura, nervo­­sismo, irritabi­lidade, depressão, nevral­­­gia, convulsão epi­lepti­forme, cansaço anormal, mal-estar geral, espirros, gases, vômitos, diarréia, indigestão, azia, colite, dores abdominais, dores torácicas, coceira no ânus, coceira na pele, eczema, san­gra­mento gastrin­tes sangra­mento nasal, inchação, aumento de pres­são, taquicardia, falta de ar, asma, sinusite, rinite, conjuntivite, corrimento nasal, peso excessivo e magreza. Muitos outros podem ser adicionados a essa lista.

Alimentação

Há, na relação dieta-alergia, dois aspectos vitais que precisamos comentar:

1. Os hábitos alimentares modernos, que se desobrigam dos princípios da higiene alimentar, agridem a estabilidade do organismo. Uma dieta isenta de regras, baseada em fast-food, alimentos gordurosos, chocolate, frituras, guloseimas, refrigerantes e outros pseudo-alimentos, cria condição crônica de má digestão e má nutrição.

2. Outro capítulo, muito extenso, é o da alergia alimentar. Certos alimentos (só ou combinados) podem desencadear reações alérgicas sem que o médico e o paciente notem esta relação. Podem ser alimentos saudáveis. É o caso de cereais como o trigo, que produz resposta alérgica em certas pessoas. Há casos raros em que até certas frutas e legumes são causa de alergia em indivíduos sensíveis.

Observamos muitas vezes que pacientes com história de alergia costumam adotar uma dieta refinada, com baixa ingestão de alimentos protetores. Usam e abusam de pseudo-alimentos. Geralmente comem muito (ou a toda hora) alimentos de má qualidade, ignorando os princípios da alimentação saudável.

Em linhas gerais, os laticínios contêm proteínas, como a caseína e a globulina, de propriedades alergênicas para muitas pessoas. Queijos, especial­mente queijos “curados”, contêm subs­tâncias que podem disparar alergias. Evitar alimentos muito concentrados em calorias, como chocolate, açúcar, doces, frituras; lanches ligeiros, conservas, temperos industrializados como molho inglês, mostarda, catchup; alimentos tratados com aditivos químicos, como refrigerantes, confeitos, doces industrializados, balas, refrescos artificiais, gelatinas e embutidos em geral (salsicha, lingüiça, frios, presunto, toucinho etc.), precisam ser cortados. Segundo a FDA (Food and Drug Administration) um mínimo de 3.200 aditivos podem ser achados em nossa comida, e um máximo de 10.000! Muitos deles são perigosos para a saúde, exibindo efeitos cancerígenos, aler­gê­nicos e irritantes.

Em muitos casos, será preciso suprimir ovos e laticínios durante algum tempo.­

Alergia tardia a alimentos

Recente estudo deixou os pesquisadores da nutrição estupefatos ao constatarem que a alergia tardia a alimentos é muito mais comum do que se supunha. Você pode ter esse problema sem saber. Trata-se de hipersensibilidade digestiva a certas substâncias presentes nos alimentos. Costuma produzir sintomas os mais variados, que vão de indi­gestão crônica a dor de cabeça, urticária a diarréia. É muito difícil diagnosticar, pois essas manifestações são ines­pecíficas, ou típicas de inúmeras doenças. Para saber se esse é o seu problema, será preciso fazer uma lista de alimentos suspeitos, como carnes, laticínios, cereais (como o trigo), legumi­nosas, nozes, etc. e suspender um por vez, durante um mês. Se os sintomas cederem, o culpado será muito provavelmente o alimento (ou alimentos) suprimido(s).

Poderíamos citar muitos exemplos curiosos de pacientes que, sofrendo por causa de alergia a certos alimentos, sen­tiram alívio recompensador ao tirarem­ da dieta os “culpados”. Já descobrimos inúmeros casos de hipersen­si­bi­li­dade ao leite. Outros, de hipersensibilidade ao trigo, ao amendoim, à banana, ao abacaxi, ao chocolate, aos refrigerantes e até a legumes inocentes como cenoura,­ batata e beterraba. O problema talvez não resida nos legumes ou nas frutas, mas nos agrotóxicos usados na sua produção. Por isso, recomendamos a pacientes alérgicos que evitem todo e qualquer alimento que contenha aditivos químicos, e, se possível, só usem vegetais orgânicos (produzidos sem agroquí­micos).

Um meio de descobrir se você tem alergia a certo alimento é verificar o pulso antes e depois da refeição, limitada a um alimento apenas. Este método foi desenvolvido pelo Dr. Arthur Coca. Meça o pulso antes e meia hora depois de comer. Até 16 pulsações a mais, é normal. Se não ultrapassar os 84, provavelmente não há hipersen­si­bilidade. Mas, se o pulso acelerar e ultrapassar esse limite por mais ou menos uma hora depois da ingestão do alimento em teste, ele é quase certamente o culpado.

Após o período de desintoxicação recomenda-se suplementação multivita­mínica e mineral: geléia real (2 a 4g ao dia), levedura de cerveja (9 a 12 comprimidos ao dia), que fornece complexo B e ácido pantotênico, ou outros complementos nutricionais, profissionalmente indicados. Algumas pessoas podem ser sensíveis à geléia real ou à levedura de cerveja. Começar com doses pequenas para dessensibilizar. Muito indicada é a alfafa (sumo ou comprimidos).

O picnogenol é particularmente indicado, por agir como antioxidante. A clorela, que se usa numa dosagem média de 12 comprimidos ao dia, vem sendo empregada também com bons resultados.

Suplementos de vitamina C são recomendados por vários autores.

Banhos e exercícios

Os banhos e os exercícios são muito indicados como auxiliares no aumento da resistência global. Deve-se caminhar diariamente alguns quilômetros, descon­traidamente, e praticar exercícios respiratórios.

Os banhos frios são mais indicados. Aquecer primeiramente o corpo com exercícios físicos ou sauna.

O banho de tronco e as fricções com toalha fria de manhã são particularmente úteis. Ver como aplicar à página 105.

Os banhos de mar são saudáveis nos horários em que o sol não esteja muito forte. Bronzeamento excessivo e exposição ao sol em horários próximos ao meio-dia são prejudiciais, pois agem imunodepressivamente. No caso das alergias, são mais indicados os banhos com duchas naturais em cachoeiras.

Ação benéfica dos bioflavonóides

O bioflavonóide é também conhecido como vitamina P. Tem ação semelhante à da vitamina C. No corpo, aumenta a permeabilidade capilar, ajudando a inibir a histamina, responsável por várias reações alérgicas do corpo. Age, portanto, como antialérgico. Um dos grupos de bioflavonóides é o das antocianidinas, que recebeu o nome genérico de pycnogenol, comumente extraído do caroço de uva ou da casca de pinheiro, sendo indicado como bom reforço imunitário, auxiliar no tratamento de alergias. Recomenda-se a dose diária de 30mg, em combinação com a vitamina C, para manutenção. Pode-se obter essa substância sob diferentes combinações e apresentações em casas de produtos naturais ou homeopáticos.

Sugestões naturais

Óleo de rícino — Esse tratamento foi descoberto por um médico indiano (Dr. Hement Pathak) e deu resultado tão bom que chegou a ser publicado numa revista médica (Medical Research Bulletin, da A.R.E. Clinic In., Dr. W. A. McGarey). Pingar apenas 5 gotas de óleo de rícino em um pouco de água ou suco de fruta e tomar em jejum, pela manhã. É útil contra alergias cutâneas, digestivas e nasais.

Rábano — Tomar caldo de rábano às colheradas. Macerar um rábano médio. Cozer até que a água fique reduzida à metade. Coar e tomar. Meia xícara ao dia.

Cruza no seu caminho uma substância estranha. A reação, explosiva, é alergia. Aparentemente nada consegue resolver.

Na alergia, o organismo responde exageradamente a certos estímulos, mostrando-se hipersensível a algumas substâncias. As manifestações desse desequilíbrio do sistema de defesa são tantas, que facilmente se confundem com as de outras doenças: urticária, dermatite de contato, asma, rinite, dor de cabeça, indigestão, espir­ros, depressão, nevralgias etc.

Há também número quase incalculável de substâncias que podem provocar resposta alérgica: poeira, pólen, picada de insetos, pêlos de animais, fumaça, tecidos, ácaros, mofo, produtos químicos, certos alimentos etc.

Tratamento

Segundo os estudiosos da Medicina natural, se o sistema de defesa é reforçado com boa alimentação, desin­toxicação, suplementos nutricio­nais, exercícios físicos e postura mental serena, a alergia pode melhorar e até, em alguns casos, desaparecer.

A Medicina convencional trata sintomaticamente a alergia com anti-histamí­nicos e outros medicamentos supres­sores da resposta alérgica. Utilizam-se também antígenos abrandados na confecção de vacinas específicas, cujo objetivo é tentar “acostumar” o sistema imunológico com a presença de certos fatores desencadeantes de alergia. Os corticosteróides ajudam a suprimir a crise, mas não prometem cura.

Citam-se resultados animadores com a terapia naturista. A aplicação criteriosa e paciente desse método, que inclui alimentação saudável, desintoxicação orgânica, banhos, plantas, produtos naturais específicos que agem como reforços imunitários (geléia real, antocianidina, cogumelo agaricus, unha-de-gato etc.), higiene intestinal e exercícios corporais apropriados (como natação), vem libertando pacientes alérgicos de seu desconforto.

Dieta terapêutica natural

Para desintoxicar o organismo, promover em primeiro lugar o bom funcio­namento do intestino. Contra a alergia, sugere-se o seguinte programa, que deve ser ajustado a cada caso pelo profissional especializado:

Casos mais crônicos podem requerer alguns dias de dieta-matriz de desintoxicação, conforme explicado às páginas 50 e 51, no capítulo 9, sob o título semijejum de sucos, de três em três horas. É preciso manter repouso, e recomenda-se internação em clínica do ramo.

Pelo menos uma vez por mês separar uns três ou quatro dias para fazer o semijejum de sucos (como explicado no capítulo 9, página 51). Um dia por quinzena recomenda-se semijejum de frutas: uma refeição de três em três horas, uma qualidade de fruta por vez.

Pelo menos um ou dois dias por semana adotar uma dieta como a seguinte:

Meia hora antes do desjejum — bebida alcalinizante.

Desjejum — frutas como mamão, banana e maçã com sementes de girassol.

Almoço — vegetais crus, como cenoura, alface, repolho, broto de feijão, broto de alfafa (especialmente recomendado) etc.; purê de abóbora, legumes cozidos (cenoura, vagem, quiabo, chuchu, abóbora etc.). Podem-se usar algumas torradas de pão integral ou bolachas de arroz integral e um pouco de grão-de-bico ou lentilha para fins de complementação calórica e protéica da dieta.

Observação: Usar o mínimo de óleo e sal. Preferir óleos prensados a frio.

Jantar — Escolher uma das seguintes frutas: melancia, laranja, melão ou maçã.

Fora dos dias de dieta deve-se adotar dieta normal saudável, observando-se apenas duas coisas:

1 — Meia hora antes do desjejum, bebida alcalinizante. Dia sim, dia não, em lugar do jantar ou desjejum, apenas uma qualidade de fruta, como mamão, uva, laranja, maçã, pêssego etc., ou tomar suco de fruta.

2 — Para alguns casos indica-se a cura de limão (desde que, é claro, não haja hipersensibilidade a essa fruta):

1º dia

1 limão

2º dia

2 limões

3º dia

3 limões

4º dia

4 limões

5º dia

5 limões

6º dia

6 limões

7º dia

5 limões

8º dia

4 limões

9º dia

3 limões

10º dia

2 limões

11º dia

1 limão

Suplementações vitamínico-minerais e reforços imunitários*

Os suplementos nutricionais são úteis em muitos casos, mas a indicação e a dosagem individual devem ser estabelecidas por um profissional especializado.

Tomar os limões longe das refeições. Diluí-los em água. Aconselhamos, especialmente nos casos mais melindrosos, que se consulte um profissional de saúde especializado em alimentação natural.

As plantas aqui citadas são empregadas por clínicas naturistas ou medicinas tradicionais, e as doses são também tradicionais. Lembrete: Não suprimir a orientação médica.

Plantas

Várias plantas — Conforme a manifestação alérgica, podem-se variar as plantas. De modo geral recomendam-se: bardana, chapéu-de-couro, tanchagem, alfafa, sete-sangrias e dente-de-leão, que agem depurativamente. Sugere-se tomar uma dessas plantas duas ou três xícaras ao dia, mudando-se o chá a cada três ou quatro dias.

Dosagem usualmente indicada: Duas colheres, das de sopa, da planta ou da mistura de plantas para meio litro de água. Ferver e coar.

Extrato de fáfia — A aplicação local de extrato de fáfia em manifestações alérgicas de pele tem apresentado bons resultados.

Em muitos casos, o uso de chás juntamente com própolis é especialmente benéfico: 5 gotas de extrato de própolis em cada xícara de chá. O procedimento ideal para cada caso deve ser estabelecido por profissional experiente.

Consólida (Symphitum officinalis) — Comer diariamente duas ou mais folhas verdes dessa planta, ou tomar o chá, duas xícaras ao dia. Uma colher, das de sopa, da planta bem picada para duas xícaras de água.

Babosa: Aplicar nos locais irritados a massa gelatinosa dessa planta.

Aconselhamos uma consulta com especialista para se averiguar e remover a causa específica (pó, mofo, lã, ácaro etc.).

Você sabia?

Mamão (Laurus persea)

É tradicionalmente indicado para combater acidose, dis­pe­­psia, gastrite etc.

Modo de usar: fazer refeições só de mamão. Mastigar algumas sementes.