
Que é anemia?
Anemia é a diminuição na taxa de hemoglobina, glóbulos vermelhos ou hematócrito abaixo do normal. Troquemos em miúdos.
Que é hematócrito? É uma medida laboratorial que permite saber a concentração dos glóbulos vermelhos no sangue. Depois de centrifugado, verifica-se que porcentagem do sangue é ocupada por aqueles glóbulos.
Os valores normais do hematócrito não devem ficar muito abaixo de 42%. Os limites considerados normais são de 36 a 48% para a mulher, e 40 a 50% para o homem.
Que é hemoglobina? É o pigmento de cor vermelha, responsável pelo transporte do oxigênio, presente em todos os glóbulos vermelhos. A capacidade de fixar oxigênio depende da presença de ferro na hemoglobina. Por isso, na falta desse mineral, a utilização de oxigênio pelo corpo é diminuída, instalando-se a sensação de cansaço característica da anemia.
Há anemias em que o número de glóbulos vermelhos é normal, mas eles contêm baixos teores de hemoglobina, sendo, portanto, incapazes de transportar oxigênio normalmente. São as anemias hipocrômicas.
Quando os glóbulos vermelhos diminuem de número, conservando, entretanto, o teor de pigmento ou hemoglobina, observa-se a anemia normocrômica. Na anemia hipercrômica há aumento do tamanho dos glóbulos vermelhos, mas seu número total diminui.
Outro indicador importante para o diagnóstico da anemia é o número de glóbulos vermelhos, que no homem é de cerca de 5 milhões por milímetro cúbico, podendo oscilar entre 4,5 e 6 milhões. Na mulher a variação considerada normal é de 4 a 5,5 milhões.
Os glóbulos vermelhos, também chamados eritrócitos ou hemácias, são produzidos na medula óssea, principalmente nos ossos do tórax, a saber, esterno, costelas e vértebras. A vida média do glóbulo vermelho é de 120 dias, após o que é substituído por nova célula. A destruição das células velhas acontece no baço, fígado e medula óssea, órgãos do sistema retículo-endotelial. O ciclo de produção e destruição das células vermelhas obedece a um complexo de reações. Até os rins participam, liberando uma substância estimuladora da produção de glóbulos vermelhos, a eritropoetina. Portanto, certas doenças renais podem, provocar anemia.
Quando a medula óssea está doente pode haver alteração na produção de glóbulos vermelhos, seja uma diminuição no número deles, ou uma alteração na sua forma e constituição, fatores responsáveis por anemia.
Os diversos tipos de anemia e sua causa básica
Há várias classificações para as anemias, que as dividem em grupos distintos. Uma delas constitui quatro grupos.
No primeiro grupo enquadram-se as anemias por problemas na medula óssea, que normalmente deixa de produzir glóbulos vermelhos. São as anemias aplásticas. A exposição excessiva à radiação ionizante e a intoxicação por certos inseticidas podem atacar a medula e produzir essa anomalia.
Anemia perniciosa ou megaloblástica
Outro tipo de anemia é a megaloblástica ou perniciosa, resultante da maturação incompleta dos eritrócitos, que passam a ser produzidos em ritmo abaixo do normal, ocorrendo diminuição do seu número no sangue, embora as células aumentem de tamanho, numa provável tentativa de compensação fisiológica. A causa é a deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico. A vitamina B12, para ser absorvida, precisa associar-se a um fator produzido no estômago, chamado fator intrínseco. Pacientes que submeteram-se a cirurgias gástricas extensas (gastrectomia) podem apresentar carência desse fator e por isso desenvolver anemia perniciosa. Pode ser necessário, sob supervisão médica, o uso de doses medicamentosas de vitamina B12. Leite, clorela, levedura de cerveja enriquecida com esta vitamina e ovos são fontes alimentares de vitamina B12.
Na gravidez ocorre mais freqüentemente a anemia megaloblástica por carência de ácido fólico, cuja ingestão poderá ser aumentada através de adequada suplementação. O suco de folhosos, como espinafre e couve, levedura de cerveja, assado de folha de beterraba e grãos integrais, é indicado como boa fonte alimentar de ácido fólico.
Anemia ferropriva ou sideropênica
(por carência de ferro)
O terceiro tipo de anemia, chamada ferropriva ou sideropênica, a mais comum, é ocasionada pela deficiência de ferro. Pode ser conseqüência de alimentação errada, perdas sangüíneas decorrentes de menstruação abundante ou doenças que produzem hemorragia interna, como úlceras digestivas e certas verminoses. Transtornos metabólicos que ocasionam má absorção de ferro e a necessidade anormalmente elevada desse mineral também conduzem a essa anemia.
A anemia ancilostomótica, de que falaremos em seguida, é produzida por vermes, como o Ancylostoma e o Necator, que absorvem sangue do aparelho digestivo.
Anemias provocadas por verminoses
O famigerado “amarelão”, muito comum no Interior e em locais onde são precárias as condições de higiene, é causado por vermes da família ancylostomatidae, como o Necator americanus e o Ancylostoma duodenale, que provocam espoliação nutricional, irritação e significativa perda de sangue. No exame de sangue os glóbulos vermelhos podem aparecer pequenos (anemia microcítica) e com teor de hemoglobina diminuído (anemia hipocrômica).
A tênia dos peixes, o Diphyllobothrium latum, produz anemia megaloblástica, muito parecida com a anemia perniciosa.
Anemias hemolíticas
O quarto tipo é a anemia hemolítica, em que se verifica destruição dos glóbulos vermelhos num ritmo mais rápido que a produção. Isso acontece, por exemplo, na anemia falciforme, em que o glóbulo vermelho assume a estranha forma de foice. Essa variedade de anemia é conseqüência de doença hereditária e produz modificações estruturais na hemoglobina.
Sintomas
Cansaço fácil, fraqueza, indisposição e desânimo podem ser os primeiros sintomas. As mucosas ficam pálidas, e é por isso que o médico as examina. A conjuntiva, os lábios e a língua tendem a perder a cor. Pode haver palidez intensa. As unhas perdem a cor viva, rosada, para descorarem e assumirem formato côncavo. Anemias graves tornam esses sintomas particularmente fortes. Anemias discretas podem não produzir muitos desses sintomas.
Como essa doença diminui a cota de oxigênio para o corpo, há perda global de vitalidade, e vários órgãos, como rins, fígado e cérebro, são prejudicados. Até o humor sofre alterações. Anemia intensa e duradoura produz alterações cardiocirculatórias importantes, que chegam à insuficiência cardíaca e respiratória.
O sistema nervoso também é afetado pela falta crônica de oxigênio. Os sintomas mais comuns são: dor de cabeça, alterações visuais e tontura.
O fígado e o baço, numa tentativa de suprir a falta de glóbulos vermelhos, aumentam de tamanho. Por isso, às vezes se verifica hepato e esplenomegalia (barriga inchada) em pacientes anêmicos crônicos.
Abuso de laticínios — fator de anemia
O uso e abuso de leite e derivados, que são muito pobres em ferro, podem prejudicar o aproveitamento desse mineral e do cobre. O cobre é necessário à mobilização de ferro na forma de ferritina. Recém-nascidos, cuja dieta é baseada durante muito tempo em leite de vaca, podem desenvolver anemia por carência de cobre e, por extensão, de ferro. Por isso, durante o tratamento de remineralização férrica é preciso controlar a ingestão de laticínios.
Quando notamos alguém pálido costumamos pensar em anemia. Contudo, nem sempre essa associação é correta. A palidez intensa pode revelar, além da anemia, inúmeros outros problemas orgânicos.
Há também o conceito popular errado de que anemia é sinônimo de carência de ferro. Embora a carência desse mineral seja a causa mais comum para aquela doença, há outras formas de anemia relacionadas à falta de vitaminas B12 e B6, cobre, cobalto e ácido fólico, e a anemia falciforme, de causa genética. É preciso identificar o tipo de anemia existente.
O tratamento e a alimentação
O médico solicitará exames, como o hemograma, para verificar o tipo de anemia. Em casos mais sérios poderá ser indicada a suplementação medicamentosa. Contudo, em todas as situações é preciso planejar cuidadosamente a alimentação.
A dieta deve suprir a vitamina e/ou mineral em falta. No caso de falta de ferro recomenda-se usar alimentos ricos neste mineral juntamente com alimentos ricos em vitamina C. Exemplos desta combinação, e de outras, também ricas em ferro:
Mamão com pão integral.
Sanduíches de pão integral com tomate, pimentão e outros temperos crus.
Sanduíches de pão integral com tofu.
Arroz integral com feijão azuki e saladas cruas.
Arroz integral com folhas de salsa.
Arroz integral com folhas de salsa, gersal e saladas cruas.
Aveia integral na forma de mingau, bolinhos etc., com acréscimo de uva-passa, ameixa seca, tâmara ou figo seco.
Gergelim na forma de gersal, acrescido ao pão etc.
Gergelim na forma de creme para passar no pão (tahine).
Suco de almeirão, folhas de salsinha, agrião, couve e dente-de-leão batidos em liquidificador com um pouco de água (dois ou três copos por dia).
Pão preparado com sementes de girassol.
Sementes de abóbora tostadas (doze a vinte sementes após cada refeição).
Água com melado de cana (uma colher das de sopa em um pouco de água, duas ou três vezes ao dia). O melado é riquíssimo em ferro.
As sementes em geral são boas fontes de ferro, como as sementes de pimentão, jaca e abóbora. Gema de ovo, leguminosas, melado de cana, rapadura, açaí e cereais integrais também são boa fonte de ferro. Algumas colheres, das de sopa, de melado de cana ao dia, que pode ser misturado à água, é indicação útil.
Sugestões naturais
Recomenda-se, tradicionalmente, o suco da beterraba. Tomar duas ou três xícaras diárias desse suco.
Se a anemia é causada por deficiência de vitamina B12, são fontes: leite, ovos, clorela e lêvedo de cerveja enriquecido com essa vitamina. Conforme o caso, o médico poderá indicar complementação medicamentosa.
Se é constatada deficiência de ácido fólico, usar leguminosas (feijões, lentilha etc.), nozes, oleaginosas, cereais integrais e abundância de folhosos e vegetais verdes. Brócolis, espinafre e aspargo são particularmente ricos em ácido fólico.
Os suplementos medicamentosos de ferro combinado com enxofre (sulfato ferroso), muito comumente indicados, não oferecem nível tão satisfatório de assimilação como o ferro ferroso sem combinação química ou ionizado, quelado com aminoácidos. O uso e abuso de sulfato ferroso pode trazer conseqüências indesejáveis, como deposição excessiva de sais de ferro em certos locais do organismo, como o fígado (siderose hepática), entre outros desequilíbrios metabólicos.
Se o problema for verminose, não adiantará usar suplementos ou alimentos sem, ao mesmo tempo, eliminar os vermes. Ver verminoses.
Na anemia falciforme, complementos de vitamina B6, que variam entre 10 e 50mg/dia, são muito úteis.
É praxe prescrever porções liberais de fígado e carne para suprir as necessidades de ferro. No entanto, se ponderarmos os inconvenientes dessa recomendação, como o teor excessivo de colesterol contido no fígado, preferiremos cobrir as deficiências de ferro com os produtos vegetais retrocitados e, se preciso, medicamentos que contenham ferro.
Os nutricionistas argumentam que o ferro da carne, associado ao heme, é melhor absorvido. Não obstante, esse ferro encontra-se na forma férrica (Fe+++), que, segundo pesquisas, não é tão bem utilizado pelo organismo como o íon ferroso (Fe ++), abundante nos vegetais.
Se a anemia é provocada por sangramentos ou menstruações abundantes, é preciso procurar um médico especialista, averiguar a causa e abordá-la.
Tratamento pela alimentação
Plantas
Mesmo no tratamento de anemias verifica-se em clínica naturista que a desintoxicação branda pode ser útil, pois desimpede o “trânsito” no metabolismo, abrindo caminho para o ótimo aproveitamento dos nutrientes. É conveniente, duas ou três vezes por semana, jantar uma só qualidade de fruta para atender à eventual necessidade de desintoxicação. Exemplos de frutas que podem ser usadas: laranja, uva, manga, abacaxi, melancia, morango etc. Meia hora antes da primeira refeição, tomar, em jejum, um copo de bebida alcalinizante.
Ao mesmo tempo, devem-se observar as recomendações de complementação nutricional já feitas.
Como vimos, de acordo com a abordagem de clínicas naturistas, o tratamento da anemia às vezes requer desintoxicação, a fim de tornar o organismo apto para receber e utilizar os nutrientes que estão faltando. Portanto, devem-se combinar plantas depurativas com plantas específicas. Sugere-se tratamento em que, no período da manhã se usem chás depurativos (uma ou duas xícaras) como dente-de-leão, cavalinha, mil-em-rama e espinheira-santa. Podem-se misturar essas quatro plantas e, a cada sete dias, falhar um dia, em que se ingere abundância de água. No período da tarde podem-se usar chás de bardana, folhas de framboesa, raiz de azedeira e calêndula. No caso dessas últimas plantas usar uma por vez, duas xícaras, por cinco dias. Falhar um dia, em que se ingere bastante água, e passar à outra planta.
Preparo tradicoinal: Uma colher das de sopa para cada 300ml de água. Ferver e coar.
Outros procedimentos
A aplicação de argila abdominal, o banho frio rápido seguido de fricção e o banho vital ajudam a estimular o metabolismo e apressam, segundo os estudiosos das terapias naturais como Kneipp, o restabelecimento.