
Que são cólicas menstruais? O que as provoca?
As cólicas são resultado de contrações dolorosas ou espasmos dos músculos do útero, durante a menstruação.
O esforço para expulsar o fluxo menstrual, bem como um padrão anormal ou excessivo de contrações, é o que costuma desencadear cólicas.
Por que o útero tem de se “esforçar” para jogar fora o material da menstruação? Há várias explicações. A primeira, de natureza mecânica, é fácil de entender: o canal de saída é estreito demais, e o útero tem de se contorcer para expelir a menstruação. Esse problema costuma ser resolvido depois do primeiro parto, quando o cérvix uterino se dilata à passagem do bebê.
Mas há causas mais complicadas, relacionadas a hormônios e influências nervosas. Há mulheres especialmente sujeitas a cólicas, que encaram a menstruação como verdadeiro suplício.
Recentemente descobriu-se que certas prostaglandinas, produzidas pelo revestimento uterino, desencadeiam o mecanismo de contrações. Se são produzidas em excesso, surgem as cólicas.
A Ovulação e a Menstruação
O ciclo menstrual é um fenômeno extremamente complexo, que envolve inúmeros mecanismos hormonais e nervosos. São múltiplas as possibilidades de perturbação.
Logo depois da menstruação aumenta no sangue o nível de estrógeno, hormônio sexual feminino, que age sobre o útero e o ovário, a fim de prepará-los para o novo ciclo. O revestimento interno do útero começa a inchar, e o óvulo, no ovário, começa a amadurecer. Depois de duas semanas tudo está preparado para a liberação e a recepção do óvulo, e uma possível fertilização, que, se não acontecer, resultará na desintegração do óvulo na trompa. À medida que se aproxima a menstruação, os níveis de estrogênio continuam aumentando, seguidos de outro hormônio, a progesterona, que age sobre todo o corpo, preparando-o para uma possível gravidez. Entretanto, quando o organismo “entende” que, definitivamente, não haverá gravidez, os níveis de ambos os hormônios decaem bruscamente, provocando a perda de todo o material destinado à gestação, fenômeno a que chamamos de menstruação.
O ciclo menstrual tem, normalmente, 28 dias: 14 até a ovulação e 14 desta até a menstruação. Mas muitas mulheres têm ciclos mais longos, que chegam a um mês ou mais. O estresse emocional é um dos fatores que interferem de modo decisivo na regularidade do ciclo.
Como a Medicina Natural Interpreta Esse Problema
Os naturopatas concordam em que há três grandes causas para as cólicas menstruais fortes e rebeldes:
1. Dieta inadequada, onde se verificam, além de erros alimentares, deficiências de certos minerais e vitaminas, como cálcio, magnésio e complexo B.
2. Estresse emocional. A ansiedade, tão comum no homem e, particularmente, na mulher moderna, desencadeia profundas modificações neuroquímicas no corpo, favorecendo a tensão muscular e as cólicas.
3. Suscetibilidade individual. Há mulheres particularmente propensas a cólicas. Anomalias anatômicas, como já explicado, incluem-se aqui (por exemplo, cérvix longo e apertado, ou útero retrovertido). O quadro será sempre pior ao se sobreporem os fatores já mencionados.
Estilo de vida da mulher moderna
A mulher moderna adota estilo de vida muito insalubre, que representa agressão cada vez maior à sua estrutura naturalmente mais frágil. Para começar, sua alimentação é de péssima qualidade. Com a participação cada vez mais ativa no mercado de trabalho os hábitos dietéticos femininos não diferem muito dos do homem: irregularidade, pressa, “lanches ligeiros” etc.
O hábito de fumar e a vida sedentária são hoje, lamentavelmente, uma constante entre as mulheres. Outrossim, distúrbios emocionais, que vão da ansiedade à depressão, incidem com freqüência preocupante entre elas. A “fuga” habitual para as instabilidades emocionais é o consumo desregrado de doces, chocolates, massas etc., ou o uso de perigosos ansiolíticos e antidepressivos. Obesidade e profundos desequilíbrios orgânicos e psíquicos são o elevado tributo pago pelas mulheres a esse modus vivendi. As defesas do organismo se enfraquecem, e os problemas do sistema reprodutor atacam sem piedade.
Vitaminas e Minerais
A dieta moderna, cheia de “entulhos”, cria um congestionamento orgânico e dificulta o acesso de nutrientes a vários órgãos, que entram em carência crônica. O resultado óbvio é ampla desestabilização de funções. O delicadíssimo feed-back de reações neuro-hormonais, químicas e biológicas do sistema genital, sai dos eixos. Por isso, além da mudança na dieta, é preciso complementar a alimentação com vitaminas e minerais. Destacam-se, no tratamento das cólicas, o cálcio e o magnésio, cuja ingestão deve ser aumentada antes e durante a menstruação. Sugere-se, também, o uso de 12 comprimidos diários de lêvedo de cerveja no mesmo período, a que se acrescentam complementações de 1.000mg/dia de cálcio, 300mg/dia de magnésio e 30mg/dia de vitamina B6, uns oito dias antes da menstruação e durante a mesma. Esses procedimentos, é claro, devem ser submetidos ao crivo médico, para individualização da dosagem.
O uso de vitamina B6 demonstrou-se particularmente benéfico em caso de inchação no período pré-menstrual, segundo pesquisas realizadas pelo Dr. John M. Ellis, de Mt. Pleasant, Texas, relatadas no seu livro Vitamin B6: The doctor’s report. Estudiosos sugerem que o uso de 50 a 100mg diários de vitamina B6 no período pré-menstrual diminui notavelmente a tensão e a possibilidade de edema. Há também evidências de que esse procedimento diminui a incidência de acne pré-menstrual em adolescentes. A explicação para resultados tão favoráveis com o uso de altas doses de vitamina B6 é que a menstruação levaria a grande perda desse nutriente.
Pesquisas do Dr. Fredericks, da Universidade Fairligh Dickinson (New Jersey) com duzentas mulheres, mostraram que o consumo regular de levedura de cerveja, ligado ao adequado suprimento das necessidades férricas e protéicas, diminui consideravelmente a incidência de distúrbios genitais e menstruais. Diminui também a ocorrência de cistos nos seios.
Em clínicas naturistas, a desintoxicação acompanhada de correta suplementação nutricional traz bons resultados no sentido de corrigir distúrbios do aparelho genital feminino.
Em seguida, apresentamos as diretrizes do tratamento natural para a maioria desses problemas.
Sugestão de Terapia Nutricional Para “doenças femininas”
Começar com desintoxicação branda — de três a sete dias com a seguinte dieta:
Desjejum: Um dia só melão, outro dia laranja (comer a parte branca da casca, rica em bioflavonóides, que previnem hemorragias menstruais) e outro dia só bebida alcalinizante.
Almoço: Salada de brotos com outros folhosos. Se quiser, utilize tomatinhos (daqueles pequenos, menos sujeitos ao tratamento com agrotóxicos). Abóbora ou batata, cozidas, legumes e arroz integral ou algumas torradas de pão integral e tofu. Quando usar batata, não comer torradas ou arroz. A partir do terceiro dia de dieta, acrescentar seis amêndoas doces.
Jantar: Frutas, como maçã, mamão, pêra, pêssego, ameixa, sementes de girassol e algumas torradas de pão integral. Comer primeiro as frutas, depois as torradas.
Intervalos: Água-de-coco ou fruta, se houver fome.
Depois desse período, ir alternando, um dia de dieta normal naturista, outro de dieta de desintoxicação (a anterior). Nos dias de dieta normal naturista, acrescentar 3 ovos de codorna cozidos, 2 cápsulas de óleo de germe de trigo e 12 comprimidos diários de levedura de cerveja. Nos dias de dieta de desintoxicação usar suplemento* de cálcio (400mg), magnésio (250mg) e vitamina B6 (30mg), conforme critério médico. Se há anemia, acrescentar ferro (25mg/dia), vitamina B12 (30mcg/dia) e ácido fólico (400mcg/dia), preparados em farmácias de manipulação, conforme critério médico. O uso de dolomita (que contém sais de cálcio e magnésio) pode substituir o uso de suplementos desses minerais.
Depois da desintoxicação, adotar, como praxe, a substituição do desjejum, um dia por melão, outro dia por bebida alcalinizante, conforme critério profissional.
Quando chega, é um verdadeiro tormento. Há quem desmaie de dor. A cólica menstrual é companhia tão indesejável como inevitável para muitas mulheres. Exibe causas mecânicas, hormonais e nervosas, que podem ser dribladas. Se esse é seu problema, veja aqui como é possível tratá-lo.
Alimentação
Estudiosos do assunto enfatizam a relação entre a dieta e as cólicas menstruais. Falam na homeostasia química e hormonal, diretamente afetada pela dieta e responsável pela estabilidade funcional dos órgãos reprodutores.
Particularmente contra-indicados são alimentos que possivelmente contenham contaminantes antibióticos e hormonais, como embutidos, carnes, aves e ovos de granja. O dietil-estil-bestrol, usado inescrupulosamente na engorda dos animais, oferece riscos bem conhecidos. Esse hormônio traz conseqüências funestas para a saúde, pois age sobre o delicado equilíbrio hormonal.
O consumo de alimentos não-nutritivos (chamados pseudo-alimentos, ou falsos alimentos), doces, gordurosos e salgados, desestabiliza a química do organismo e diminui a energia vital. Fazem com que você se sinta indisposta, empanturrada, inchada. É consenso entre os naturopatas que a simples eliminação desses “entulhos” dietéticos proporcionará a você maior sensação de bem-estar geral, prevenindo cólicas.
Consuma mais frutas e vegetais frescos, bem higienizados. Ao se aproximar a menstruação, faça refeições exclusivas de melão (não misturá-lo com nada).
A cafeína, presente no café, guaraná, chocolate e certos refrigerantes, contribui, para aumentar o desconforto no período menstrual, pois deixa a mulher mais nervosa. Também são contra-indicados o álcool, as conservas salgadas e as frituras.
Plantas e Outros Tratamentos Naturais
Sugestões naturais podem apresentar, na prática, bons resultados, mas não suprimem o estudo das causas e a orientação médica.
São indicadas, pelos manuais de fitoterapia, nas cólicas menstruais, as seguintes plantas:
Açafrão — Infusão de uns cinco estigmas em uma xícara, das de café, de água fervente. Infusão (derramar água fervente sobre as plantas) por 5 minutos. Filtrar e beber (dividir a dose em duas diárias), sete dias antes da menstruação.
Alecrim: Uma colher, das de sopa, da planta para 300ml de água. Ferver. Deixar que esfrie. Coar e tomar duas a três xícaras por dia. Cuidado: planta potencialmente abortiva. Se há possibilidade de gravidez, não usar.
Agoniada: Duas colheres, das de sopa, da planta para meio litro de água fervente. Deixar que esfrie. Coar e tomar duas a três xícaras por dia. Atenção: planta abortiva.
Algodoeiro: Uma colher, das de chá, das folhas, flores e sementes moídas para uma xícara de água. Tomar uma xícara ao dia, por infusão (derramar água fervente sobre a planta). Diluir em chá de camomila, de modo que se obtenham três xícaras diárias.
Angélica: Uma colher, das de sopa, de sementes de angélica para 500ml de água. Ferver e coar. Duas a três xícaras ao dia. Não usar as folhas frescas. Atenção: planta abortiva.
Artemísia: 1 colher, das de chá, de folhas picadas para meio litro de água. Ferver e filtrar. Uma xícara de chá ao dia. Atenção: planta abortiva. Tóxica quando ingerida em excesso.
Atanásia (Tanacetum): Decocto das folhas e flores secas. Uma colher, das de café, para uma xícara de água. Ferver por cinco minutos e coar. Não mais que uma xícara ao dia, tomada aos goles, por poucos dias. Atenção: a atanásia tomada em doses altas é tóxica.
Camomila: Uma colher, das de sopa, da planta para 300 ml de água. Derramar água fervente sobre a planta. Deixar que esfrie. Coar e tomar duas a três xícaras por dia. Maude Grieve, herborista, diz que a camomila é especialmente indicada durante a menstruação. Produz efeito maravilhosamente calmante e é absolutamente inofensiva, segundo este herborista.
Capim-limão: Derramar meio litro de água fervente sobre duas colheres, das de sopa, das folhas picadas. Deixar que esfrie. Duas a três xícaras por dia.
Mentrasto: Derramar meio litro de água fervente sobre duas colheres, das de sopa, das folhas picadas. Deixar que esfrie. Duas a três xícaras por dia.
Mil-folhas (ou mil-em-rama): Duas colheres, das de sopa, para 600ml de água. Ferver e filtrar. Deixar que esfrie. Duas a três xícaras por dia.
Poejo: Derramar 300ml de água fervente sobre uma colher, das de sopa, da planta picada. Deixar que esfrie. Coar. Duas a três xícaras diárias.
Sálvia: Derramar meio litro de água fervente sobre uma colher, das de sopa, de folhas e flores. Deixar que esfrie. Coar. Duas a três xícaras por dia.
Muito útil no tratamento e prevenção de infecções é a própolis. Recomendam-se 8 gotas de solução de própolis com pólen a 30% em um pouco de chá de agoniada ou do bulbo da raiz de tejuco (cabeça-de-moleque; ferver uma colher das de café da planta em 200ml de água). Uma ou duas xícaras ao dia.
A cavalinha, associada à camomila, mil-em-rama e erva-cidreira (capim-limão), é muito útil no combate ao mal-estar pré-menstrual, pois ajuda a desinchar e relaxar. Uma colher, das de sopa, das plantas picadas para 300ml de água. Ferver e filtrar. Podem-se tomar duas a três xícaras diárias.
Ao se aproximar a menstruação, alguns terapeutas recomendam o uso do óleo de copaíba (uma cápsula de uma a três vezes ao dia) e chá de agoniada com própolis, como já explicado. Os intestinos devem ser mantidos desimpedidos, para o que é muito indicado o chá de cáscara-sagrada, uma ou duas xícaras ao dia (há também cáscara-sagrada em cápsulas), no caso de prisão de ventre (uma colher das de sopa da planta para meio litro de água; ferver e filtrar). Mulheres com prisão de ventre crônica poderão apresentar cólicas menstruais fortes, ou maior probabilidade de distúrbios genitais, segundo os naturopatas.
Há compostos à base de óleo de prímula indicados no tratamento de várias disfunções do sistema reprodutor feminino: usar cápsulas, conforme indicação do rótulo e orientação profissional. Disponível em farmácias homeopáticas.
O dong-quai é uma planta chinesa usada há séculos no tratamento de perturbações do sistema reprodutor feminino. Disponível em empresas importadoras, sob a forma de composto, em cápsulas. A dose varia. Geralmente são indicadas de três a seis cápsulas de 300mg diários, divididas ao longo do dia, juntamente com as refeições. Observar orientação profissional.
Para o tratamento de infecções vaginais indicam-se duchas locais com o decocto concentrado de jequitibá com barbatimão. As irrigações vaginais são contra-indicadas para mulheres virgens, que devem limitar-se ao banho quente de assento com as mesmas ervas. No Nordeste usam-se banhos de assento com as cascas das seguintes plantas: aroeira, quixabá, pega-pinto-do-sertão e samba-caetá (alfazema de caboclo). As ervas usadas em irrigações ou banhos de assento podem variar. São também muito úteis as seguintes ervas: cavalinha, salsa e folhas de nogueira, misturadas.
Geoterapia
Fora do período menstrual indicam-se cataplasmas pélvico-abdominais de argila (duas a três horas de aplicação). O uso dessa cataplasma no período menstrual é indicação controvertida, pelo que achamos prudente evitar.
Hidroterapia
Compressas locais com bolsas de água quente ajudam a aliviar dores. Indicam-se também banhos quentes de assento (água entre 40 e 46°C, durante uns cinco minutos).
Saunas e massagens semanais são ótimas para relaxar e diminuir a tensão pré-menstrual.
Você sabia?
Algodoeiro (Gossyoium herbaceum)
É tradicionalmente indicado para combater disenteria, diarréia etc.
Usar toda a planta, 1 colher das de sopa para 400ml de água. Derramar água fervente sobre a planta.