
Que é colite?
Colite é inflamação do cólon, ou intestino grosso. Freqüentemente a inflamação atinge também o intestino delgado, e por isso os médicos chamam a esse distúrbio enterocolite. Há vários tipos de colite (ou enterocolite) relacionados a causas diferentes. Em muitos casos, não é possível estabelecer a causa. Há variedade de condições: agudas e crônicas, leves e severas, como veremos adiante.
Colite Mucosa ou Cólon Espástico
Em vez de diarréia, produz prisão de ventre. O intestino elimina abundante muco em vez de fezes. Trata-se de perturbação geralmente passageira, resultante de espasmos dos músculos da parede do cólon, que interferem nas contrações normais. Há cólicas fortes. Esses sintomas estão relacionados com o nervosismo, a ansiedade. Costumam desaparecer com o controle da tensão emocional. Trata-se de entidade que se confunde, em muitos aspectos, com a colite nervosa. É, na realidade, uma manifestação da colite nervosa.
Enterocolite Aguda
Aparece bruscamente, com dores no abdome, às vezes fortes. A diarréia sempre está presente. Sua intensidade varia conforme o comprometimento do cólon. Náuseas e vômitos podem ou não aparecer. Instalam-se mal-estar generalizado e sensação de profunda fraqueza, aliás comum em todas as doenças diarréicas. O paciente fica prostrado, com olhos fundos e cor pálida. Há sede intensa. A urina torna-se escassa e concentrada. Pode haver febre. Geralmente é distúrbio passageiro e intermitente, que passa dentro de poucos dias, mas que pode voltar de modo tão imprevisto como veio. Contudo, há casos em que a colite fica longo tempo sem dar qualquer sinal.
Muitas vezes as manifestações são leves, produzindo apenas mal-estar discreto e algumas dejeções diarréicas.
Colite Nervosa
Alterações no sistema nervoso são em grande parte responsáveis por anomalias da função intestinal. Os exames médicos não mostram nada de objetivo, embora o paciente queixe-se de que seu intestino funcione sempre mal. A importância do fator emocional é tão evidente nesses casos, que se batizou a entidade de colite nervosa. A irritação do intestino pode assumir caráter crônico. Os sintomas costumam ser leves, mas freqüentes e incômodos: períodos de diarréia, intercalados de prisão de ventre; dor, cólicas, gases e mal-estar geral. Há períodos de exacerbação, principalmente em situações de forte tensão emocional. Mas, em geral, a doença se acomoda numa cronicidade discreta.
Enterites e Colites provocadas por Intolerância, Má Absorção e Alergia
Verifica-se, em alguns casos, sensibilidade aumentada da mucosa a certas substâncias, muitas vezes provenientes da alimentação. Há algumas entidades melhor definidas, que recebem denominações mais específicas, como enteropatia induzida pelo glúten (espru celíaco), intolerância à lactose etc. No primeiro caso, o paciente não pode ingerir alimentos que contenham glúten, como trigo e outros cereais, entre eles, centeio, cevada e aveia. Na intolerância à lactose, o déficit na produção de uma enzima, a lactase, é causa de perturbações intestinais, cólicas e diarréia. O paciente não pode usar a maioria dos laticínios. Os distúrbios de má absorção afetam principalmente o intestino delgado.
Há autores que defendem a teoria alérgica para algumas manifestações de colite. A sensibilização da mucosa intestinal a certas substâncias produziria violenta resposta: diarréia e cólicas.
Retocolite Ulcerativa
Acomete principalmente o reto e o cólon sigmóide. Há múltiplas possibilidades de manifestações: leve, moderada e severa. Na forma severa pode haver hemorragia importante, diarréia contínua de 10 ou mais dejeções ao dia, de fezes líquidas, contendo muco, pus, sangue e alimentos mal digeridos. Ocorre freqüentemente falsa sensação de evacuar (tenesmo), cólicas abdominais, acompanhadas de ruídos e meteorismo (grande formação de gases). As fezes, ácidas, provocam dor, queimação e prurido na região próxima ao ânus, que às vezes fica em carne viva. Há emagrecimento, por vezes febre, desnutrição profunda, anemia, sonolência, angústia e depressão.
O paciente, tipicamente de meia-idade e bom nível sócio-econômico, costuma exibir personalidade obsessiva e ansiosa.
O exame da parede intestinal mostra intensa irritação, avermelhamento e úlceras, que aparecem primeiramente no reto e se alastram para cima (por isso se diz retocolite).
Causas
Se existe doença cuja descrição e definição de causas representa, para a medicina, um emaranhado, essa doença é a colite. Há inúmeras interpretações e especulações. Sabe-se, porém, que:
1. O sistema nervoso coordena também o funcionamento das vísceras. Desequilíbrios do sistema nervoso autônomo podem ocasionar alterações no padrão de funcionamento do intestino. Aqui é decisiva a influência do fator emocional. Por si só, ou somado a outros fatores, desencadearia a enterocolite.
2. Distúrbios digestivos, como acloridria (falta de suco gástrico), que permite a passagem de alimentos mal digeridos ao intestino e propicia fermentações, são causa de colite.
3. Má alimentação. Excesso de gordura e açúcar, carnes, maionese, lanches ligeiros, guloseimas, frituras e muito laticínio podem desencadear colite em pessoas suscetíveis. A dieta do paciente de colite precisa ser controlada.
4. Ingestão de alimentos deteriorados ou contaminados. Bactérias do grupo das salmonelas, por exemplo, produzem toxi-infecções alimentares, com grande irritação intestinal e sintomas diarréicos fortes.
5. Medicamentos e substâncias inorgânicas. Salicilatos (aspirina e outros analgésicos), xaropes que contenham creosoto; arsênico, mercúrio e chumbo são exemplos de substâncias que podem ocasionar reação inflamatória no intestino.
6. A enterocolite pode aparecer como processo secundário a outras doenças que debilitam as defesas do corpo, como câncer, tuberculose, aids, alcoolismo, verminoses, protozooses e septicemias.
7. Proliferação de certas bactérias ou a presença de toxinas bacterianas como a do estafilococos aureus, no intestino.
Como a Medicina Natural Interpreta a Colite
A colite, como muitas outras enfermidades de causa obscura, é resultado do estilo de vida moderno, extremamente agressivo à nossa estrutura psicossomática. Em primeiro lugar, nossa dieta de péssima qualidade cria ambiente intestinal favorável ao desenvolvimento de certas bactérias que, ao agirem sobre os resíduos alimentares, convertem-nos em substâncias muito irritantes. A causa alimentar age junto com a suscetibilidade e os fatores psíquicos na instalação da colite.
Métodos Naturais para Fortalecer e Reequilibrar o Sistema Nervoso
Considerando a influência decisiva do sistema nervoso sobre o funcionamento do intestino, é fundamental tratá-lo. Algumas sugestões:
1. Fora da fase aguda, caminhar, respirando profundamente, todos os dias. A natação é também exercício muito indicado. Pela manhã, caminhar na grama.
2. Tomar suplementos de magnésio, mas não em teor exagerado. Os cereais integrais e os vegetais de tom verde são ricos em magnésio. O magnésio ajuda a relaxar os músculos, prevenindo espasmos.
3. Suplementos vitamínicos balanceados são indicados. Sugerimos a geléia real, 2 a 3g/dia.
4. Usar água de melissa: vinte gotas em meio copo de água, duas ou três vezes ao dia.
Banhos e compressas
O banho de imersão em água morna, por quinze minutos, é excelente para relaxar e aliviar as dores. Compressas diárias de argila fria no abdome, fora da fase aguda, são dos melhores recursos para desinflamar o cólon. Na fase aguda, pode-se fazer a mesma compressa, ligeiramente aquecida. Deve-se fazer um banho vital ao dia, que é sem rival no tratamento da excitação nervosa.
Súbito desconforto intestinal prenuncia visita desagradável. Lá vem a diarreia, com muita cólica. E para completar o estrago, febre. Que está havendo? Teria sido comida estragada? A persona non grata é a enterocolite, inflamação da mucosa dos intestinos. Entre as causas, destaca-se a tensão emocional, que, somada à má alimentação do homem moderno, cria ambiente favorável para perturbações intestinais.
Tratamentos
A Medicina oficial trata principalmente os sintomas. Usam-se medicamentos sedativos, adstringentes, ansiolíticos, antibióticos e “dieta leve”.
No tratamento da colite pela Medicina natural, o principal objetivo é fortalecer o sistema imunitário através da adoção de hábitos sadios e proscrição de maus hábitos. A dieta é cuidadosamente monitorada, pois deve promover o ressurgimento de microbiota intestinal sadia. Prescrevem-se plantas, banhos e exercícios físicos moderados como auxiliares no tratamento de disfunções orgânicas e emocionais.
Alimentação Preventiva
Para prevenir ataques agudos recomenda-se dieta saudável. Evitar chocolate, frituras, ovos, carnes, laticínios, café, molhos, alimentos gordurosos, muita massa, lanches ligeiros, refrigerantes etc. Quando surgem manifestações, devem-se também evitar frutas muito ácidas, como abacaxi e limão, e folhas cruas.
Uma das regras mais vitais na prevenção dietética da colite é mastigar completamente cada bocado, não exagerar na quantidade e comer sem pressa.
Sugestões Naturais
Ao contrário do que se imaginava, as frutas e as hortaliças, devidamente usadas, são boas para restaurar a normalidade do funcionamento intestinal.
O Dr. Thenebe relata haver tratado 600 pacientes de colite aguda, sofrendo de diarréia, com sopa de cenoura. Como preparar:
½kg de cenoura em 250ml de água. Cozinhar bem. Bater no liquidificador e acrescentar água fervida até completar um litro. Acrescentar meia colher, das de sopa, de sal. De meia em meia hora tomar um pouco dessa sopa. Geralmente o doente melhora em questão de um dia.
Banana-prata: Substituir algumas refeições por banana-prata madura. Nunca misturar com outro alimento. Alguns pacientes sentem-se melhor com a fruta cozida.
Camomila: Segundo o Dr. W. T. Ferni, em seu livro Herbal Simples, do século XIX (1897), “nenhuma planta em todo o catálogo de remédios de ervas é capaz de produzir efeito tão benéfico aos intestinos como as flores da camomila”. Tomar esse chá, por infusão, três ou quatro xícaras ao dia. Derramar 500ml de água fervente sobre duas colheres, das de sopa, de erva. Coar.
Fruta-do-conde: Chá das folhas da fruta-do-conde, duas ou três xícaras ao dia. Duas colheres, das de sopa, de erva para meio litro de água. Ferver e coar.
Aipo: Decocto de aipo duas ou três xícaras ao dia. Duas colheres, das de sopa, do vegetal picado para meio litro de água. Ferver e coar.
Coalhada: De vez em quando, em lugar da primeira refeição, tomar, preventivamente, em jejum, um copo de coalhada, para normalização da flora intestinal.
Chá de aperta-ruão com camomila contra as diarréias. Uma xícara duas a três vezes ao dia. Uma colher, das de sopa, das ervas para 300ml de água. Ferver e coar.
Chá de tanchagem, espinheira-santa e cavalinha, para desinflamar a mucosa. Uma xícara três vezes ao dia. Duas colheres, das de sopa, das ervas picadas para meio litro de água. Ferver e coar.
Bebida alcalinizante: Tomar de vez em quando, em lugar da primeira refeição, essa bebida. Ou tomá-la regularmente antes do desjejum (de meia a uma hora antes). É indicada para ajudar a prevenir ataques de colite.
Você Sabia?
Aperta-Ruão (Piper aduncum)
É tradicionalmente indicado para combater diarréias, mau hálito etc.
Modo de usar: Derramar 400ml de água fervente sobre 1 colher, das de sopa, da planta picada. Deixar esfriar. Filtrar e tomar de 1 a 2 xícaras ao dia. Mascar a planta (casca, perfumada) para combater o mau hálito.