
Que é endometriose?
Doença relativamente comum, ataca mulheres em idade fértil. Não é muito fácil diagnosticar. O tecido que normalmente reveste o útero por dentro, formando o endométrio, se espalha por locais estranhos, proliferando-se pelo útero e outros órgãos da cavidade pélvica e abdominal. O endométrio anômalo, assim espalhado por diferentes lugares do corpo, responde aos estímulos hormonais do período menstrual da mesma maneira que o endométrio normal, ocorrendo hipertrofia, sangramento e dores. Com o tempo surgem aderências, cicatrizes e inflamações. O resultado são dores em pontos variáveis, que podem ser muito fortes, especialmente durante a menstruação. Suspeita-se que a endometriose possa levar também à infertilidade.
A gravidez diminui o risco de endometriose. Mulheres que nunca engravidaram ou que vêm a engravidar mais tarde, apresentam maior probabilidade de manifestar essa disfunção.
Como tratar?
O tratamento é mais fácil se o distúrbio for descoberto cedo, o que nem sempre acontece. A cirurgia pode ser a melhor ou única providência.
Opinião dos estudiosos da vida natural
Como se trata de aberração anatomopatológica, os naturistas interpretam a endometriose como conseqüência de desequilíbrios profundos, salientando-se alterações hormonais. Afirmam que agressões comuns e crônicas, como a dieta de má qualidade, com muita gordura e açúcar, somada ao uso de hormônios, contraceptivos e à suscetibilidade individual, fomentam o desenvolvimento dessa anomalia.
Estilo de vida e doenças da mulher moderna
O modo de vida da mulher de hoje é extremamente agressivo à sua estrutura naturalmente mais frágil. Além de aderir ao vício do fumo, a participação cada vez mais ativa no mercado de trabalho cria hábitos dietéticos que não diferem muito dos do homem, caracterizados por irregularidade, pressa, “lanches ligeiros” etc.
O hábito de fumar e a vida sedentária são hoje, lamentavelmente, uma constante entre as mulheres. Outrossim, distúrbios emocionais, que vão da ansiedade à depressão, incidem com freqüência preocupante entre elas. A “fuga” habitual para as instabilidades emocionais é o consumo desregrado de doces, chocolates, massas etc., ou o uso de perigosos ansiolíticos e antidepressivos. Obesidade e profundos desequilíbrios orgânicos e psíquicos são o elevado tributo pago pelas mulheres a esse modus vivendi. As defesas do organismo se enfraquecem, e as doenças peculiares ao sexo feminino atacam sem piedade.
Geoterapia*
Fora do período menstrual, indicam-se cataplasmas pélvico-abdominais de argila (duas a três horas de aplicação). O uso dessa cataplasma no período menstrual é indicação controvertida, pelo que achamos prudente contra-indicar.
A secretária de 28 anos já começava a se conformar com as dores fortes que sentia durante a menstruação. Parecia não haver solução à vista. Naquele mês, entretanto, o mal-estar passou do limite. Dores lombares, pélvicas e abdominais se somavam a um quadro de inchação, prisão de ventre e relações sexuais desconfortáveis. O médico acreditou, a princípio, tratar-se de infecção urinária. Mas só depois de passar por vários médicos e submeter-se a inúmeros exames, como a laparoscopia, a paciente tomou conhecimento da causa do seu sofrimento: endometriose. O laparoscópio é um aparelho que se insere por incisão abdominal ou pélvica, com o objetivo de observar o estado dos órgãos e seus revestimentos.
Os suplementos nutricionais são úteis em muitos casos, mas a indicação e a dosagem individual devem ser estabelecidas por um profissional especializado.
Como deve ser a alimentação?
Vitaminas e minerais*
Vários estudiosos das terapias naturais enfatizam a relação entre hábitos dietéticos e distúrbios dos hormônios sexuais. Falam na homeostasia química e hormonal sutilmente afetada pela dieta.
Para começar, o consumo habitual de alimentos não-nutritivos (que chamamos pseudo-alimentos, junk food ou falsos alimentos), doces, gordurosos e salgados, desestabiliza o metabolismo, diminuindo a energia vital. Fazem com que a mulher se sinta indisposta, “empanturrada”, inchada. É consenso entre os naturopatas que a simples eliminação desses entulhos dietéticos proporciona bem-estar geral, prevenindo cólicas e distúrbios do sistema reprodutor.
O uso de embutidos, carnes, aves e ovos de granja envolve risco muito badalado, que é o da ingestão de hormônios sintéticos, como o dietil-estil-bestrol, usado indiscriminadamente na engorda dos animais. Esse hormônio traz conseqüências funestas para a saúde, pois interfere no delicado equilíbrio hormonal.
Consuma mais frutas e vegetais frescos, bem higienizados. Faça refeições exclusivas de melão (não misturá-lo com nada).
A cafeína, presente no café, guaraná, chocolate e certos refrigerantes, contribui para aumentar o desconforto no período menstrual, pois deixa a mulher mais nervosa. Também são contra-indicados o álcool, as conservas salgadas e as frituras.
A alimentação moderna intoxica e congestiona o organismo, dificultando, na opinião dos naturopatas, o acesso de nutrientes a setores de atividade crítica, como as glândulas (dentre as glândulas, os ovários). O resultado é desequilíbrio. O delicadíssimo feedback de reações neuro-hormonais, químicas e biológicas do sistema reprodutor sai dos eixos. Por isso, além da mudança na dieta, é preciso suplementar a alimentação com vitaminas e minerais. Destacam-se a vitamina B6 (piridoxina), o cálcio, o potássio e o magnésio. Sugere-se o uso de nove a doze comprimidos diários de 500mg de lêvedo de cerveja, a que se acrescentam suplementações de 200 a 400mg de cálcio, 100 a 200mg de magnésio e 20 a 60mg de vitamina B6 diários, durante uns quinze dias antes da menstruação. No primeiro mês de tratamento, sugere-se o uso ininterrupto dessas suplementações. Esses procedimentos, é claro, devem ser submetidos ao crivo médico, para individualização da dosagem.
Segundo pesquisas realizadas pelo Dr. John M. Ellis, de Mt. Pleasant, Texas, e relatadas no seu livro Vitamin B6: The doctor’s report, o uso de vitamina B6 demonstrou-se particularmente benéfico em casos de inchação no período pré-menstrual. Estudiosos sugerem que o uso de 50 a 100mg diários de vitamina B6 no período pré-menstrual diminui notavelmente a tensão e a possibilidade de cólica e edema. Há também evidências de que esse procedimento diminui a incidência de acne pré-menstrual em adolescentes. A explicação para resultados tão favoráveis com o uso de altas doses de vitamina B6 é que a menstruação levaria a grande perda desse nutriente.
Pesquisas do Dr. Fredericks, da Universidade Fairligh Dickinson (New Jersey), com duzentas mulheres, mostraram que o consumo regular de levedura de cerveja, ligado ao adequado suprimento das necessidades de ferro e proteínas, diminui consideravelmente a incidência de distúrbios genitais e menstruais. Diminuiu também a ocorrência de cistos nos seios.
Em clínicas naturistas a desintoxicação, acompanhada de correta suplementação nutricional, faz verdadeiros milagres no sentido de corrigir distúrbios femininos.
Dieta terapêutica natural
Sugere-se a seguinte dieta de desintoxicação, mas não mudar radicalmente sua alimentação sem orientação profissional:
Sete dias com a seguinte dieta:
Desjejum: um dia só melão, a cada três horas, em que se mantém repouso. Ou laranjas (comer a parte branca da casca, rica em bioflavonóides, que previnem hemorragias menstruais). No terceiro dia, ingerir bebida alcalinizante.
Almoço: Salada de brotos (grãos germinados). Se quiser, utilize tomatinhos (daqueles pequenos, menos sujeitos ao tratamento com agrotóxicos). Abóbora ou arroz integral, vegetais cozidos (principalmente brócolis) e tofu. A partir do terceiro dia de dieta, acrescentar seis amêndoas doces.
Jantar: frutas, como maçã, mamão, pêra, pêssego, ameixa, sementes de girassol (rica em vitamina B6) e coalhada magra.
Depois de sete dias, ir alternando, um dia de dieta normal naturista, outro dia de dieta de desintoxicação. Nos dias de dieta normal naturista, acrescentar três ovos de codorna cozidos e doze comprimidos diários de levedura de cerveja. Nos dias de dieta de desintoxicação, usar suplementações, como esclarecido no tópico anterior. Se há anemia, acrescentar ferro (25mg), vitamina B12 (10 – 60mcg) e ácido fólico (400mcg) na suplementação, conforme critério médico. O uso de dolomita (que contém sais de cálcio e magnésio) pode substituir o uso de suplementos desses dois minerais.
Plantas e outros recursos naturais*
Hidroterapia e exercícios
Estas sugestões naturais não suprimem a avaliação médica.
A cavalinha, com camomila e erva-cidreira (capim-limão), é referida como muito útil no combate ao mal-estar pré-menstrual, pois ajuda a desinchar e relaxar. Pode-se tomar uma, ou duas, xícaras diárias. Dosagem tradicional: Derramar meio litro de água fervente sobre duas colheres, das de sopa, das três plantas picadas. Tomar uma ou duas xícaras ao dia, divididas ao longo do dia.
Ao se aproximar a menstruação, alguns terapeutas recomendam o uso do óleo de copaíba (geralmente uma cápsula duas ou três vezes ao dia, ou conforme indicação profissional) e duas xícaras diárias de chá de agoniada (ferver uma colher, das de sopa, em 300ml de água e coar) com própolis (dez gotas em cada xícara). Os intestinos devem ser mantidos desimpedidos.
O óleo de prímula é indicado no tratamento de várias disfunções do sistema reprodutor feminino: usualmente se indica uma cápsula três vezes ao dia, nos quinze dias que antecedem a menstruação. Observar orientação profissional.
O dong quai é uma planta chinesa usada há séculos no tratamento de perturbações genitais femininas. É, contudo, difícil encontrar no mercado. Disponível, porém, em algumas casas de produtos naturais, vem sob a forma de composto, em cápsulas. A dose varia. Geralmente se indicam de três a seis cápsulas diárias, divididas ao longo do dia, juntamente com as refeições. Observar orientação profissional.
Compressas locais com bolsas de água quente ajudam a aliviar dores.
Indicam-se também banhos quentes de assento (água entre 40 e 46ºC, durante uns cinco minutos).
Saunas e massagens semanais são ótimas para relaxar e diminuir a tensão. Só tomar sauna com permissão médica.
Caminhar descontraidamente todos os dias, praticando exercícios respiratórios.