
Insuficiência renal é a incapacidade dos rins de realizarem a contento sua função. Deixam de filtrar o sangue como deveriam. Então, acumulam-se no corpo substâncias potencialmente perigosas, o “lixo” do metabolismo, que deveria ir para a urina. Por outro lado, o mau funcionamento do rim faz com que se eliminem substâncias que deveriam ser retidas, como proteínas e glóbulos vermelhos. Quando a insuficiência renal se manifesta de modo repentino, é aguda. Entretanto, quando se desenvolve lentamente, é crônica. A doença aguda pode ser reversível, enquanto a crônica envolve gradual destruição dos rins, exibindo prognóstico pouco alentador.
Causas
A insuficiência renal aguda pode ser provocada por certas drogas e antibióticos nefrotóxicos (tóxicos para os rins), como os aminoglicosídeos, usados nas infecções. Substâncias químicas diversas, como o tetracloreto de carbono, podem desencadear insuficiência renal. A picada de cascavel, aranha e abelhas pode produzir insuficiência aguda dos rins. Os rins são órgãos sensíveis que, agredidos por certos venenos, param de funcionar. O doente fica sem urinar por algumas horas, dias ou semanas.
Em acidentes, o esmagamento de um membro, como a perna, libera no sangue a mioglobulina (proteína dos músculos), que provoca lesão e paralisação renal. Na Segunda Guerra Mundial, a insuficiência renal aguda deu muito trabalho para os médicos, devido a freqüentes vítimas de traumas graves.
Outras causas de insuficiência renal aguda são queimaduras, hemorragias graves, insuficiência cardíaca, trombose renal e transfusão de sangue incompatível.
A insuficiência aguda requer tratamento intensivo, com paciente hospitalizado. Pode ser necessária a diálise. Mas depois de algum tempo, o rim tende a recuperar-se totalmente.
A insuficiência renal crônica evolui devagar. Frequentes acometimentos do órgão, como a glomerulonefrite, lesam-no cada vez mais profundamente. Depois de vários anos (5, 10, 15 anos), o rim decreta completa falência; para de funcionar. As causas podem ser: insuficiência aguda mal curada, diabetes, colagenose, cálculos renais, hipertensão arterial, infecções frequentes (como amigdalite), lúpus, entre outros distúrbios.
Sintomas
Procure sempre um médico para firmar o diagnóstico. O primeiro sintoma de uma insuficiência renal aguda pode ser diminuição da urina, ou oligúria (geralmente menos de 0,4l por dia). A urina pode vir misturada com sangue (avermelhada). É comum haver náusea, fraqueza, sede intensa e sonolência. Há risco de infecções e morte. Numa etapa posterior, há aumento da produção de urina (fase poliúrica). O paciente perde peso (desincha). Nessa fase, pode ocorrer pielonefrite, ou infecção renal grave. Se tudo correr bem, os rins evoluem para a cura.
A insuficiência renal crônica pode começar com eliminação excessiva de urina pouco concentrada. Surgem sede intensa, nictúria (vontade de urinar durante toda a noite), fadiga, mal-estar generalizado, dor de cabeça, perda de apetite, náuseas, vômitos, urticária, pressão alta, lesões nos olhos, lesões cardíacas, anemia (que produz pele caracteristicamente amarelada, ou fácies urêmica).
Os rins são órgãos muito sensíveis que, agredidos por certos fatores, vão perdendo sua capacidade, ou até param de funcionar. Nos casos agudos, o doente fica sem urinar por dias ou semanas. Nos casos crônicos, os rins vão parando devagar, até falir completamente. Nossa alimentação errada e estilo massacrante de vida despejam no metabolismo enorme carga de venenos. Cabe aos rins, em grande parte, jogá-los fora. Lidando sempre com esses venenos, o órgão se enfraquece paulatinamente. As toxinas ou as agressões também podem vir de focos infecciosos, como amigdalite, glomerulonefrite etc.
Sugestões naturais podem apresentar, na prática, bons resultados, mas não suprimem o estudo das causas e a orientação médica.
Tratamento
A insuficiência aguda requer hospitalização, dado o risco de vida iminente.
Na fase terminal da insuficiência renal crônica, o paciente não tem muita opção: depende da máquina (hemodiálise) e fica na fila de transplante.
Mas antes de chegar a esse ponto, enquanto a doença está evoluindo, é possível, com certos cuidados, evitar o pior. As seguintes recomendações são vitais para salvar uma vida:
1. Alimentação — Segundo o Prof. Dr. Emil Sabbaga (livre-docente da Faculdade de Medicina da USP e da disciplina de Nefrologia do Hospital das Clínicas de São Paulo), “o controle da insuficiência renal consiste basicamente em eliminar todas as proteínas animais da dieta, porque elas dão muito trabalho para os rins. A dieta apropriada seria a vegetariana. (…) Devem-se eliminar totalmente ovos, queijos, leite e carne de todos os tipos, inclusive de frango e peixe.” Leonel, Carla — Medicina, Mitos e Verdades. Editora CIP, 1996.
Nossa experiência vem mostrando que a dieta totalmente vegetariana ajuda consideravelmente o paciente renal. Os rins se vêem livres do extenuante trabalho imposto pelos produtos de degradação das proteínas animais, embora estas sejam mais “completas”.
A dieta do paciente com insuficiência renal crônica deve ser controlada de perto. Os teores de potássio, sódio, proteína, calorias, fósforo, cálcio e líquidos precisam ser controlados por um profissional.
A dieta com muito potássio pode, na uremia, provocar descompensação, a ponto de ocasionar parada cardíaca fatal por hipercalemia. Por isso, enfatizamos a necessidade de cuidado com a prescrição dietética.
2. Plantas — À medida que o rim elimina líquidos, não ocorrendo aumento de pressão nem inchação, os estudiosos das terapias naturais sugerem que se administrem quantidades muito pequenas, porém progressivas, de chás de plantas como: quebra-pedra, alfavaca, cavalinha, cana-do-brejo, uva-ursina (misturar duas ou três). Mas atenção: como os rins não filtram direito, há risco de os líquidos se acumularem no corpo. Por isso, é importante medir a quantidade de urina e administrar o correspondente de líquidos, aumentando à medida que os rins forem fabricando mais urina. Outra observação: estes chás contêm potássio, e por isso não devem ser administrados quando este cátion está aumentado no sangue. A situação é tão delicada que o melhor procedimento é seguir rigorosamente a orientação médica, adotando tratamentos complementares só com sua permissão.
Conheci o caso de um paciente jovem com insuficiência renal que, submetido a dieta vegetariana cuidadosamente monitorada, e ao uso de chás da maneira explicada, pôde, depois de alguns anos, diminuir gradativamente a freqüência das seções de hemodiálise. Para surpresa dos médicos, os rins recuperaram parte de sua função.
Você sabia?
Cavalinha (Equisetum arvense)
É tradicionalmente indicada para combater doenças da bexiga, úlceras, prostatite etc.
Modo de usar: Ferver, em ½ litro de água, 2 colheres, das de sopa, dos brotos verdes. Deixar esfriar. Filtrar e tomar de 2 a 3 xícaras ao dia.