
Que é teníase?
O povo chama de “solitária”. É uma parasitose causada por verme (ou helminto) em forma de fita, famoso por seu excepcional comprimento, que atinge vários metros. O corpo é cheio de pequenos segmentos, as proglotes, que vão se formando e desprendendo aos poucos. Em cada uma dessas proglotes, há de 50 a 100 mil ovos. Como se trata de um verme hermafrodita, ou seja, possui os dois sexos, ele próprio é capaz de fertilizar esses ovos. Diariamente, se podem eliminar várias proglotes grávidas pelas fezes, que têm o formato de quadradinhos achatados e esbranquiçados, de mais ou menos 1cm. O maior perigo reside em ingerir os ovos, que contaminam o ambiente e são capazes de se transformar, no corpo, em cisticercos, produzindo a cisticercose. Como se ingerem os ovos? Certos descuidos comuns, como lavar mal as mãos ou os alimentos, ocasionam contaminação.
A forma mais comum de “pegar” solitária é a seguinte: os animais (bovinos e suínos) ingerem alimentos contaminados com ovos de solitária, eliminados nas fezes humanas, e adquirem cisticercose. Fecha-se o ciclo quando o homem ingere carne de boi, de carneiro ou de porco com cisticercos (muitas vezes alojados nos músculos), que em seguida crescem no intestino e ali se transformam em solitária. Esse nome (solitária) vem do fato de que geralmente só se encontra um verme no intestino.
Às vezes, os ovos da tênia (do porco, a do tipo solium) são incubados ainda no intestino, antes da eliminação pelas fezes. Embora menos frequente, isso leva à invasão da corrente sanguínea pelas larvas e à instalação da cisticercose.
A cisticercose é uma parasitose que acomete o porco e o homem, provocada pela larva da Taenia solium (solitária), que se aloja na forma de cisto em músculos, no cérebro e em outros tecidos.
Quase 5 milhões de brasileiros têm cisticercose cerebral (neurocisticercose), doença que é adquirida pela ingestão de ovos da solitária do tipo solium, da qual o porco é o principal hospedeiro. Esse é um número bastante preocupante, e que coloca em evidência os riscos da criação de suínos associada à falta de higiene alimentar. Para maiores informações, ver cisticercose.
Sintomas
A teníase (ou verminose causada por solitária) produz perda de peso e desnutrição, pois esse verme age como “ladrão” de nutrientes que deveriam alimentar o homem. Por isso, há intensa sensação de fome. O doente come muito, mas, em vez de engordar, costuma perder peso. Às vezes, o doente queixa-se de náuseas e cólicas. Em muitos casos, porém, os sintomas passam despercebidos, ou são confundidos com os de outras doenças. Um dos principais indícios de solitária é que nas fezes surgem pequenos segmentos esbranquiçados e achatados, as proglotes. Quando acidentalmente ingeridos, os ovos veiculados aos milhares pelas proglotes produzem, como vimos, a cisticercose.
Prevenção
1. Adotar dieta lacto-ovo-vegetariana e naturista, sob os adequados cuidados de higiene alimentar (lavagem cuidadosa de hortaliças e frutas), previne esta e outras parasitoses. Evitar alimentos fermentativos, como açúcar, frituras, chocolate, guloseimas etc., que criam ambiente intestinal propício à presença de parasitas. Mastigar muito bem a comida.
2. Carnes cruas, malpassadas e vendidas sem cuidados higiênicos são especialmente perigosas. Carne de boi ou porco, linguiça, salsicha, salame, presunto e outros embutidos vendidos por ambulantes restaurantes e lanchonetes são suspeitos.
3. Combater as moscas que, ao pousar nas fezes, contaminam-se com ovos, contagiando os alimentos.
4. Lavar cuidadosamente frutas e hortaliças.
5. Os cuidados higiênicos e sanitários básicos são imprescindíveis à prevenção: lavar muito bem as mãos antes das refeições, manter as unhas bem cortadas, canalizar esgotos, não evacuar no campo etc.
6. Pessoas que portam a solitária estão diariamente eliminando pelas fezes milhares de perigosos ovos, cuja ingestão pode causar a cisticercose. Por isso, especialmente essas pessoas devem, além de procurar sem demora um médico para tratamento, redobrar os cuidados sanitários.
Tratamento natural
Recomenda-se, além do ataque direto ao verme com anti-helmínticos ou tenífugos indicados por um médico, um estilo de vida saudável, que promove aumento da resistência global do organismo.
Tratamento convencional
Os medicamentos alopáticos devem ser prescritos por um médico. Utilizam-se a niclosamida, o praziquantel ou o mebendazol. O praziquantel é indicado também contra a cisticercose.
Geoterapia
Aplicações de argila sobre o abdome ajudarão, segundo os naturistas, a amenizar eventuais problemas digestivos.
Alimentação
Um ou dois dias na semana, dieta em que predominem frutas, como o mamão, com refeições a cada três horas. Mastigar e ingerir várias sementes de mamão em cada refeição. É preciso manter repouso nesse dia.
Nos outros dias da semana, observar o seguinte cardápio:
Desjejum: Só coalhada. Em seguida, uma colher, das de chá, de sementes de mamão.
Lanche: Água-de-coco.
Almoço: Saladas cruas (sugere-se salada de broto de feijão e rabanete) e purê de abóbora (sem manteiga, margarina ou óleo). Legumes cozidos (cenoura, brócolis, vagem, quiabo, beterraba etc.), tofu e um pouco de arroz integral. Comer várias sementes de abóbora tostadas.
Obs.: Usar o mínimo de óleo e sal. É melhor usar um pouco de azeite virgem de oliva. Melhor ainda é usar o óleo bruto de gergelim, prensado a frio, ou outro óleo prensado a frio, com parcimônia.
Lanche: Água de coco.
Jantar: Frutas picadas com sementes de girassol, flocos de cereais e amêndoas.
Repetir este ciclo por algumas semanas. O procedimento poderá exigir várias semanas de dieta, o que deverá ser definido por um profissional de saúde especializado.
Depois de algumas semanas de desintoxicação, começar a tomar suplementos nutricionais: de 2 a 4g diários de geléia real pura, clorela (de nove a doze comprimidos de 250mg) e de nove a quinze comprimidos de 500mg de lêvedo de cerveja por dia (juntamente com as refeições).
Dieta terapêutica natural
Sugestões tradicionais para expulsar a solitária.
Sugestões naturais podem apresentar, na prática, bons resultados, mas não suprimem o estudo das causas e a orientação médica.
Siga sempre as instruções médicas.
São os seguintes os tratamentos tradicionais para “derrubar” a solitária:
Tomar, na véspera três colheres, das de sopa, de óleo de rícino, e evitar toda alimentação. Descascar as sementes de abóbora, mas não retirar-lhes a película esverdeada. Triturar de 60 a 80g dessas sementes, e misturar com igual quantidade de açúcar e dez colheres, das de sopa, de leite. Tomar em jejum. Três horas depois, ingerir outras três colheres, das de sopa, de óleo de rícino. Este tratamento, indicado para adultos, não deve ser feito por pessoas muito debilitadas.
Outro tratamento, mais brando, que dá resultado em crianças, é ferver durante alguns minutos seis dentes de alho amassados em 250ml de leite. Coar, dividir em três doses e tomar ao longo do dia.
Antigamente, os farmacêuticos norte-americanos usavam, para expulsar solitária, uma emulsão de óleo-resina de samambaia macho, ou febo macho (Aspidium oleoresin). Essa receita não costumava falhar.
Os macrobióticos recomendam mastigar muito bem de duas a três colheres, das de sopa, de arroz integral cru de manhã, em jejum. Em seguida, ingerir vagarosamente um pouco de chá de artemísia. Só ingerir alimentos no almoço e no jantar. Não ingerir bebidas alcoólicas, café, alimentos refinados, açúcar e frutas muito doces, como banana.
Para evitar novas infecções: Tomar tintura das folhas de eucalipto na dose de uma colher, das de chá, em meio copo de água antes das refeições, por uma semana. Repetir mensalmente. Cuidado com produtos de eucalipto, pois possuem potencial tóxico.
Duas colheres de sumo de erva-de-santa-maria misturado com meio copo de leite morno e um pouco de mel em jejum, por dez dias seguidos. Esta dose é para adultos.
Também chamada caxinguba, (Ficus anthelmintica), a lombrigueira é de longa data usada, no Norte do país, contra lombrigas e solitárias. Faz-se um corte no tronco para obter a seiva leitosa. Tomam-se três gotas dessa seiva em uma colher, das de sopa, de água, de duas em duas horas.
Mastigar uma concha de sementes de abóbora levemente tostadas e salgadas um pouco antes do almoço e do jantar.
Adotar monodieta de coco-da-bahia por alguns dias seguidos: bater no liquidificador a polpa juntamente com a água, e tomar esse “suco” (aliás, uma bebida deliciosa) quatro ou cinco vezes ao dia. Não ingerir outro alimento. É ótimo contra todas as parasitoses intestinais. Para algumas pessoas pode, entretanto, produzir muita indigestão e diarréia.
Evitar esforços mentais ou físicos durante o tratamento.
Plantas
As plantas aqui citadas são empregadas por clínicas naturistas ou medicinas tradicionais, e as doses são também tradicionais. Lembrete: não suprimir a orientação médica.
Após o tratamento de expulsão, estando o paciente recuperado, pode-se, depois de algumas semanas de repouso, proceder à desintoxicação, como já explicado, à qual se acrescentam as seguintes plantas:
Usar, internamente, para “depurar o sangue”, chás de tanchagem, bardana, salsaparrilha, dente-de-leão, chapéu-de-couro e malva. Misturar três plantas. De quatro em quatro dias, mudar a “mistura”. Tomar de duas a três xícaras ao dia. A dose tradicional é de duas colheres, das de sopa, das plantas para meio litro de água. Ferver por uns cinco minutos, desligar e tomar fresco ou morno, aos goles, longe das refeições.
Observação importante: acrescentar própolis uma vez por dia ao chá (umas dez gotas de própolis a 30% em uma xícara de chá).