Vasculite

Periarterite nodosa — A periarterite (ou poliarterite) nodosa (não confundir poliarterite com poliartrite) é mais comum em homens adultos. Geralmente, se inicia com febre, fraqueza, falta de apetite, perda de peso, dores nos músculos e nas articulações. Começam, então a formar-se aneurismas por todo o corpo, sendo ameaçados vários órgãos importantes, e observam-se, como conseqüência, pequenos nódulos ao longo do trajeto das artérias dos membros. A vasculite atinge as artérias e as veias pequenas e médias, afetando principalmente os pontos de bifurcação. Nesses locais, surgem os aneurismas, que podem romper-se, dando lugar a hemorra­gias e manchas sob a pele (equi­moses). Surgem também pontos de ulceração, onde secundariamente pode ocorrer infecção. Nos dedos das mãos e dos pés, pode haver gangrena. Até na retina verifica-se, algumas vezes, hemor­ragia.

O comprometimento cardíaco pode ser grave a ponto de haver bloqueio de coronárias e infarto do miocárdio. No pulmão, pode manifestar-se inflamação de pleura (pleurite).

São comuns as queixas de dores abdominais, náusea, vômito, diarréia e sangue nas fezes, o que indica comprometimento das artérias mesentéricas (na altura do intestino). Esses sintomas abdominais levam à confusão com outros sintomas de emer­gên­cias digestivas, como apendi­cite, diver­ti­culite e cole­cistite agudas. Pode haver infarto do fígado.

Em mais de 50% dos pacientes, os rins são gravemente afe­­­tados, podendo haver glomeruloesclerose, hipertensão, insuficiência e infarto renal.

Qualquer uma dessas complicações pode levar o paciente à morte: infarto do miocárdio, infecções, insuficiência renal, insuficiência cardíaca congestiva e hemorragia digestiva.

Pela multiplicidade de complicações, o prognóstico do paciente com poliarterite nodosa é lamentavelmente sombrio. A sobrevida do paciente vai geralmente de alguns meses a poucos anos.

Tratando-se de doença relacionada ao sistema imune, recomenda-se o estudo dos fatores imunológicos, com vistas à detecção de antígenos, como o da hepatite B, muitas vezes presente.

É preciso distinguir esta entidade clínica de outras, como o lúpus eritema­toso sistêmico, a insuficiência cardíaca, o mal-de-hodgkin e outras síndromes, que têm vários sintomas em comum.

O tratamento alopático é sintomático, paliativo, e inclui drogas do grupo dos corticosteróides. Falhando estes, como último recurso, utilizam-se drogas citotóxicas (imunossupressoras).

Granulomatose alérgica

Muito semelhante à poliarterite nodosa, com a diferença de que os pacientes podem apresentar asma brônquica, febre, granulomas em volta dos vasos e comprometimento pulmonar. Granulomas são pequenos nódulos ou grânulos em que se concentram células inflamatórias, macrófagos etc. Há aumento acentuado de eosinófilos (tipo de glóbulo branco). Os vasos afetados geralmente são de calibre menor, e pode haver comprometimento de nervos periféricos.

Vasculite por hipersensibilidade ou vasculite dos pequenos vasos ou angiite (vasculite) leucocitoclástica

É a mais comum. Ocorre comprometimento de pequenos vasos em muitos órgãos, com inflamação necrosante, o que produz pequenos infartos. Pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, púrpura hiperglo­bu­li­nêmica de Waldenstrom e crioglobuli­nemia podem desenvolver este tipo de vasculite. Sugere-se uma relação com o vírus da hepatite B, certos medicamentos ou infecções. Alguns pacientes têm glomerulonefrite (inflamação renal em nível de glomérulos).

As manifestações são muito variáveis de um paciente para outro. Enquanto alguns apresentam predominância de sintomas de pele (equimoses, úlceras etc.), outros exibem disfunções sistêmicas (renais, cardíacas, gastrintes­tinais etc.).

Em alguns pacientes, a doença é fulminante, levando à morte em pouco tempo. Em outros (felizmente, na maioria), os sintomas são mais brandos, e ocorre até cura espontânea.

Alguns adultos jovens desenvolvem sintomas característicos da síndrome de Henoch-Schonlein: dor de cabeça, perda de apetite, febre, erupções purpú­ricas, sangramento, dores nas articulações, disfunções renais.

Alguns pacientes relatam história de infecções respiratórias antecedentes. Medicamentos diversos, como penicilinas, sulfonamidas, bulsufan, iodetos, fenotia­zinas etc., podem constar da história clínica­ do paciente. A febre é razoavelmente comum. As lesões cutâneas (urti­­­­cária, púrpura, equimoses, nódulos, úlceras etc.) ocorrem mais freqüente­mente nos pés e nos tornozelos. Podem ocorrer manifestações de artrite, com dores articulares, infiltrações pulmonares, pericardite, miocardite (com sinais de anomalia no eletrocar­dio­grama). Casos mais graves incluem sintomas neurológicos que vão de neuropatia periférica à encefalopatia, com confusão, delírio e coma. Os rins podem sofrer diversas afe­tações, com hematúria (sangue na urina), proteinúria e diminuição de função.

Pacientes de artrite reumatóide freqüentemente têm vasculite de pequenos vasos, com o acréscimo de inflamação sinovial. No lúpus eritematoso sistêmico, observa-se a vasculite de manifestações cutâneas.

Vasculite (ou arterite) de células gigantes, ou arterite temporal ou craniana

É assim denominada porque nos locais de inflamação encontram-se muitas células com vários núcleos, derivadas dos macrófagos, que digerem material estranho. Ocorre em pessoas idosas, e consiste na inflamação de artérias grandes e médias. Muitas vezes, os pacientes que apresentam este quadro já sofriam de polimialgia reumática (produz dor e rigidez em vários músculos). Febre súbita, acompanhada de fadiga, sudorese, perda de peso e de apetite e indisposição costumam ser os sintomas de aviso (pródromos). Depois, pode haver dor de cabeça na altura do couro cabeludo. Uma das pio­res complicações é a perda da visão, podendo ocorrer infarto do miocárdio e aneurisma de aorta.

Opinião dos estudiosos das terapias naturais

As doenças auto-imunes (em que há sensibilidade anormal a produtos do próprio corpo) ou as provocadas por hipersensibilidade a certos antígenos (substâncias potencialmente agressivas) indicam enfraquecimento ou disfunção do sistema imunitário (sistema de defesa), que, no entender dos estudiosos da Medicina ecológica, é resultado de um sistema de vida intensamente agressivo à saúde. É possível que condições genéticas determinem maior ou menor possibilidade de se desenvolverem distúrbios imunitários, que levam a doenças do grupo do lúpus eritematoso sistêmico, das vasculites etc. Mas o estilo de vida moderno (má alimentação, cigarro, vida sedentária, estresse, emoti­vidade exacebada etc.) é considerado fator de extrema importância como causa dessas disfunções.

Na vasculite, os vasos sangüíneos se inflamam e sofrem necrose (morte de tecidos). Embora a causa não esteja bem estabelecida, os estudiosos relacionam a vasculite com desordens imunitárias, e por isso a classificam como doença auto-imune.

Existem muitas doenças em que se manifesta a vasculite. Para o médico, isso representa desafio, pois torna complicado o diagnóstico. Vejamos, em seguida, algumas situações em que ocorre a vasculite.

Sugestões naturais

O tratamento natural tem em vista restabelecer o equilíbrio imunitário, objetivo de longo prazo. É preciso persistência. Mudança de hábitos no sentido da adoção de estilo de vida sadio são providências fundamentais. Ver também lúpus eritematoso sistêmico.